Revista do CROSP
O ozônio como agente terapêutico foi descoberto em 1840 pelo químico alemão Friederich Schöenbein. Seu uso se intensificou na Primeira Guerra Mundial com o tratamento dos feridos em combate. Os primeiros trabalhos na área odontológica surgiram em 1934, com o cirurgião-dentista Edward Fisch. Atualmente a ozonioterapia é uma técnica consagrada mundialmente. Foi regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia(CFO) em 2015.
Como uma técnica complementar aos procedimentos odontológicos, o uso terapêutico do ozônio apresenta excelentes resultados e pode ser aplicado em praticamente todas as especialidades.
É uma ferramenta terapêutica complementar que utiliza uma mistura de gases composta de oxigênio, na ordem de 95 a 99,95% e ozônio, de 0,05 a 5%. Ele é obtido quando descargas elétricas promovem a dissociação da molécula de gás oxigênio (O2) em dois átomos (O-). Esses átomos se recombinam formando um composto altamente instável, oxidante e reativo.
Quando aplicado no organismo, as moléculas de ozônio (O3) entram em contato com os fluidos orgânicos sofrendo uma dissociação. Em seguida ocorre uma recombinação com outros elementos originando às Espécies Reativas de Oxigênio (ROS) e os Produtos de Peroxidação Lipídica (LOPS), que são responsáveis pela ativação direta do sistema imunológico.
Os ROS são os principais responsáveis pela ação imediata sentida pelos pacientes que recebem o tratamento, enquanto os LOPs são responsáveis pelo aumento da capacidade antioxidante das células.
Os efeitos terapêuticos do ozônio acontecem em virtude da dose empregada, de acordo com os protocolos definidos para cada área.
O ozônio possui três formas de apresentação: o gás, a água ozonizada e o óleo ozonizado. Terapeuticamente, é possível utilizar o ozônio em altas doses, para o tratamento de processos infecciosos, onde o objetivo é a ação antimicrobiana. Quando se busca acelerar o reparo e proporcionar um bioestímulo ao sistema imunológico, trabalha-se com baixas doses do ozônio. As três formas de uso podem ser aplicadas de maneira isolada ou associadas. É importante esclarecer que a reatividade e capacidade oxidante é maior na forma de gás, reduzida na forma de água ozonizada e menor no óleo ozonizado. O gás pode ser injetado nos tecidos, borbulhado em canais, preparos cavitários, bolsas periodontais, entre outras áreas. A água ozonizada é a forma mais difundida e utilizada, pois atua como irrigante, irá suprir o reservatório de água dos equipamentos odontológicos, os aparelhos de ultrassom, será empregada na desinfecção de superfícies, entre outras aplicações. O óleo pode ser utilizado em lesões bucais e feridas e não deve ser produzido em consultório.
Embora seja a forma mais difundida da ozonioterapia, é a mais crítica com o maior número de variáveis. É importante lembrar da capacidade reativa do ozônio, que reage com absolutamente tudo e forma subprodutos que não necessariamente apresentam função terapêutica. Dessa forma, quanto mais pura for a água a ser ozonizada, menor a possibilidade de interação e formação desses subprodutos. Atualmente, a literatura tem tratado a água de osmose reversa como o padrão ouro, justamente por conta da sua pureza.
A primeira indicação da água ozonizada seria para a desinfecção das cadeiras odontológicas. Isso pode ser aplicado para os equipamentos de ultrassom e assim por diante. Em Dentística, por possuir ação antimicrobiana, pode ser usada sozinha ou associada ao gás na toalete do preparo cavitário, otimizando o sistema adesivo. Em Periodontia, a água ozonizada pode ser utilizada na forma de bochechos antes dos procedimentos de raspagem e auxiliando na adequação do meio bucal e no trans e pós raspagens ou cirurgias, sempre com característica complementar. Na Estomatologia pode ser empregada no tratamento de lesões, de aftas comuns causadas por traumas até em processos infecciosos. Nas cirurgias em que o ozônio é utilizado podemos notar uma resposta mais rápida na cicatrização, redução de quadros dolorosos e de episódios infecciosos. Na Endodontia o uso da água ozonizada ativada pelo ultrassom e associada ao gás ozônio, complementando os tratamentos convencionais, podendo atuar diretamente no controle da dor pós-operatória.
De forma geral, o paciente com patologias sistêmicas descompensadas, como cardiopatas, nefropatas, hepatopatas, desordens de tireoide, e a deficiência da enzima Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD), conhecida como favismo, contraindicam a utilização do ozônio. A deficiência da enzima G6PD acomete uma pequena porcentagem da população. Clinicamente, com essa deficiência, a hemácia tem capacidade reduzida de carrear oxigênio aos tecidos. Nessa situação, em contato com o ozônio, as hemácias entram em hemólise.
A ozonioterapia tem um potencial para integrar o arsenal clínico da(o) cirurgiã(o)-dentista. Contudo, é importante apontar que, mais estudos clínicos randomizados, com grande número de casos ainda são necessários para fortalecer e disseminar a técnica.
Fonte: REVISTA CROSP - ANO VI - NÚMERO 11 - DEZEMBRO 2019 - P46-47
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